Tradutor

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O preço da pureza

Será verdade que, como dizem, se colocarmos um sapo numa panela e subirmos lentamente a temperatura da água, ele fica ali até morrer, sem sentir a mudança gradual da temperatura? Ele obviamente daria um jeito de escapar se o jogássemos na água fervendo. Alguém já fez essa experiência? Duvido... Duvido que um sapo tenha tanta paciência.” (Humberto Guessinger).

A citação do sapo acima foi extraída do livro “Nas entrelinhas do Horizonte

E nós? Quanta paciência temos? (teremos?), somos ou parecemos sapos? Sabemos ler nas entrelinhas?

Na nossa longa jornada na GCM-SP (a minha já com 22 anos), esperamos a cada tempo passado uma nova valorização, uma nova motivação, um novo......qualquer coisa! Nestas esperas pelo que virá, observamos com certa inveja a “Operação Delegada”, onde nossos colegas Policiais Militares recebiam dos cofres da nossa prefeitura um incentivo financeiro para se manterem fardados nos dias de folga para efetuarem.......algo!

Invejamos sim, porque almejamos uma valorização que a nossa casa alegava (alega) não possuir condições de oferecer, invejamos não porque queríamos trabalhar mais...

Já trabalhamos o suficiente (cada um de nós!)

Isto posto, me levo, mais uma vez, a deixar de ser criança, como quem descobre ainda na infância que Papai Noel é na verdade Loja de Departamentos. Perdemos a pureza!

Ora leitores, não nos incluíram no último reajuste salarial com a promessa de um plano de carreira rápido e corretivo? (não culpo aqui o sindicato, sou associado e jamais fui a uma assembléia, tenho também a minha parcela de culpa).

Nesta mesma linha colegas: Não temos que ir “descansados” ao exame psicológico, requisito para portar arma de fogo? Por acaso isto não implica em concluir que a responsabilidade da nossa atividade requer um profissional descansado no início de suas atividades?

É justo que Policiais Militares, Guardas Civis, Médicos, Enfermeiros, Frentistas tenha que chegar ao seu ponto se fadiga para receber o que lhe é justo?

Há lado positivo? Sim há. Mas quão positivo é...?

Poder largar aquele “bico” na porta do açougue, sem apoio, por uma atividade “regulamentada” e talvez, melhor paga?

Estamos em uma organização envelhecida, que não se renova na mesma proporção que os seus integrantes pedem exoneração ou se aposentam...

Aposentar-se??!! Ah nem vou tocar nesta questão...(ou está sendo fácil para alguém?)

Acredito que vários colegas se submeterão a isto, e não estou aqui para criticá-los, é nobre o esforço honesto de sustentar-se a si e a sua família, jamais poderia atirar pedras nestes telhados de vidro. Por um longo tempo o meu telhado também foi de vidro, e pode voltar a ser, ninguém está livre disso.

Então porque escrevi tudo isto? Se não é uma crítica aos colegas e/ou a administração, então o que é...?...

Digo-vos o que é: Desabafo!

Não sou (não somos) sapos, eu percebo (nós percebemos) quando a água da panela começa a esquentar.